Esqueçam o cemitério de Recoleta com seus mausoléus cheios de teias ou a delicadeza e efemeridade das rosas de Palermo: o lugar mais melancólico de Buenos Aires é Puerto Madero. Com seus prédios brilhantes, sua limpeza irreal e a alegre família tirando fotos para o retrato da sala - é impossível se sentir humano, se sentir feliz.
Sentei-me no banco mais longíquo e observei as águas dos diques artificias: o único lixo existente boiava sem pudor, era uma rosa.
Mesmo os moradores dos prédios reluzentes não pareciam acreditar em onde estavam, pois, não muito longe, por suas janelas, podiam ver o cinzento centro da metrópole.
Os turistas nos restaurantes, que estarão ali por talvez somente uma noite (enquanto esperam o cruzeiro partir ao proximo destino), sentem como se tivessem recebendo comida de avião: pré pronta e feita sob medida para...todos.
É uma transição, uma casa de brinquedos.
Puerto Madero é morto.
quinta-feira, 31 de março de 2011
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