domingo, 3 de abril de 2011

mesa de esquina

Há algo de mágico em sentar em uma esquina, tomar café e observar o movimento da rua.

Espero, paciente, entre o vem e vai de carros, a sinaleira acender sua luz vermelha para depois voltar a apagá-la.

Tento adivinhar - pelas expressões - qual motorista tem um evento importante a que está atrasado, quem está pensando no quadro novo que comprou para pendurar na sala, se há alguém dirigindo para um lugar enquanto preferiria outro...

Os taxistas têm sua peculiaridade, completamente alheios a vida que acontece no banco de trás.
Ônibus são quase uma overdose, porém não me distraio com a variedade de rostos nas janelas: me foco no motorista. Fatigado, percorrendo a mesma rua pela décima vez no dia, sem realmente prestar atenção nos movimentos já metódicos que realiza - na verdade, não me parece tão distinto das outras pessoas que passam.

Até que um loiro de cabelo escovado, dirigindo uma versão nova de um carro esporte que nunca saberei o nome, percebe minha silenciosa observação. Ele, depois de mostrar seus dentes perfeitamentes alinhados em forma de sorriso, me faz um convite. Não sei qual de nós dois estava mais longe do outro, presos em seu universo particular. Com troca de sinal, seguiu seu caminho e eu continuei em minha sempre vazia mesa de café.

Um comentário:

  1. Muito bom! 'ônibus overdose'..rsssss
    Tens um belo dom, senhorita Rebeca.

    Abraços.

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