sábado, 10 de novembro de 2012

La historia de amor mas corta del mundo


-Tengo un problema, es medio inconveniente....

Lo miró tan rápido como el batir de alas de una mariposa y desvió la mirada, con verguenza.

-Tengo ganas de lamerte la cara a veces.

-Para mi el mundo sería un lugar mejor si las personas se sintieran libres para lamer la cara de quien les guste.

El sonrió. Ella sonrió.


                                                                     FIN

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Desventura

Que infortúnio termos tomado caminhos errados
Quando eramos irmãos de diferentes pais
Imaginaste nossa sorte se tivessemos outros laços
Inseparáveis,de sangue - fraternais

Que tola fui em ter partido
Sem aviso, em uma manhã qualquer
Te deixei com duas xícaras de café - frio
Apostei em um jogo de bem-me-quer

Que medo de haver deixado
Para trás algo que talvez não tenha nome
Algo que grita em silêncio velado
Um eco que aos poucos some

Que estrelá buscarás em desejo?
Quem esperarás quando veres que não venho?

Inesquecíveis como uma chuva de verão - te sorrio e largo tua mão.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

dia: 1

Porque já não posso ver seu rosto e, se pudesse, não seria como antes. Conheço os gestos de memória, mas não as novas expressões que se formam

Nada será como esse dia que já não é. Não sentirei mais esse cheiro no meu próprio corpo, molharei os olhos por outro, redescobrirei o tato em peles ainda não conhecidas.

Guardo suas palavras e uma tarde chuvosa que pertencem agora a um não-lugar.

Porque tudo que farei agora é lembrar como as coisas eram - e não como elas são.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O vento da madrugada esfria minhas maçãs do rosto, me comprimenta - mas como quem diz boa noite.

Durma, pequena, que vou soprar na sua face uma última vez e amanhã acordarás sabendo que hoje já pertence ao passado.

imobilidade

Olho pelo vidro embaçada do ônibus e penso se por um acaso você ainda pensa. Em tudo.
Se eu do lado de cá da cerca posso me sentir importante e crer que do outro lado da fronteira tem alguém que mesmo em outro contexto compartilha alguma lembrança remota comigo.

E talvez só a possibilidade já seja o suficiente, já me faça pular sobre poças na rua. E me molhar um pouco e nem assim importar-me.

Um tempo atrás estava você sentado ao lado da janela. Não dessa. E eu parada na plataforma. As pessoas movimentando-se apressadas, as bagagens sendo guardadas uma a uma até restar somente algo que não podia ser levado - e insistia em não partir.
Parada. Olhando fixo.
Os outros passageiros provavelmente pensando que eu tinha me inspirado em algum filme de domingo qualquer, que queria fazer um ato romântico. Alguns talvez pensassem que eu ia desenhar um coração com as mãos, soprar um beijo.
Mas não. Fiquei porque não pude ir embora.

Encarei aquele pedaço de você recortado no meio de vultos desimportantes e não piscaria (se apenas tivesse tal capacidade). Não desviei nem o pensamento do meu alvo - talvez se o tivesse feito, teria me sentido a tola que era.
O motor ligou e o que me restou a fazer foi acompanhar o movimento ao redor da esquina, rotando em mim mesma, junto com ele. Corri atrás, como se fosse mudar algo. Diversos olhos me encaravam de dentro do ônibus e só vi os teus. Na cena ápice dessa película de mal gosto.
O semáforo me deu mais alguns segundos, corri atrás e ao atravessar a larga avenida, parei em frente às luzes brilhantes dos faróis. E talvez devesse ficar ali. E o clímax traria um atropelamento dramático.

Mas segui. Cheguei ao outro lado e vi você distanciar até não poder mais diferenciar nada entre os automóveis que se perdiam ao longe.
Esperando que outro dia você voltasse pelo outro lado da rua, em minha direção.
E fiquei ali mais um tempo. Não porque queria. Porque não podia ir embora.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

People see no worth in you - but I do.

O vestido negro que comprei em uma loja de roupas usadas e decidi usar nessa noite ainda pendurado na janela - para tirar o cheiro de cigarro. Seu rosto ocultado entre tantos outros que riam, ébrios, dentes pontiadudos, a fumaça cinzenta que saia dessas bocas e cubria o bar. Não te vi até o amanhecer.

A pergunta que te fiz se virias para casa comigo ainda paira estática no ar, ao lado do meu vestido amassado. Impregnada em algum travesseiro.

Quinze minutos ao seu lado, eu não diria não...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

lonely man

Um azul infinito, tão profundo que quase se transformava em um violeta. Seus movimentos pareciam que estavam em câmera lenta, enquanto seus pensametos nadavam dispersos. Longe, tão longe que era somente uma sombra com contornos indefiníveis.
Sua audição, ainda que amplificada, não encontrava nada para escutar.

O exilio que significava estar sob a água.

A falta de ar doía com urgência, mas, se ela tentasse respirar, seus pulmões se encheriam com essa água que pesava como chumbo - se afogaria.


domingo, 19 de agosto de 2012

Little Person

Os dedos inquietos seguindo as gotas de água que escorregavam pela janela. A paisagem cinza. A pele tão fina sobre os ossos. O silêncio tão frágil.
Abriu os lábios e voltou a fechar-los. Finalmente, sua voz competindo com o som das chuva que caia sobre o telhado, disse:

-Existem tantas pessoas à minha volta como existem gotas de água caindo sobre a calçada. E mesmo assim, a minha pessoa é só uma.

Tinha um gosto insistente de amargura na ponta da lingua.

- E ninguém me deu a opção de escolher uma segunda. - completou.

O garoto, deitado no chão do quarto em um grosso tapete, também observava a pequena tempestade, que golpeava o teto de vidro e ameaçava quebrá-lo a qualquer instante - algo que interromperia a cena uma última vez, definitivamente, mas não o fazia. Parecia que nunca deixariam esse quarto.
Ele tinha uma expressão serena quando lhe falou:

- Eu te levaria passear, se não corrésemos o risco de afogar-nos nessa tormenta.

- Deveríamos ir de qualquer maneira.

No entanto, nenhum dos dois se moveu. Não podiam.

- Se houvesse qualquer lugar para ir. Mas estamos presos aqui. Nessa casa tudo que se escuta são ecos de algo que já passou. E a infinita chuva no telhado. Infinitos ecos...

Seu discurso era lento e interrompido, as palavras escapavam de sua boca, deixando uma pequena morte em sua garganta.
Seguiriam escutando a chuva mesmo se terminasse de chover.

Aquele gosto amargo de despedida outra vez.

Que nunca acabava de despedir-se.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Extraño a mis fotos colgadas en la pared. Necesito tenerlas cerca para sentirme en casa.


domingo, 1 de julho de 2012

Uno de eses raros momentos en que me acuerdo como fue ver los edificios de Buenos Aires por la primera vez. Cuán chiquita me sentía. No saber para que lado era la 9 de Julio, ni tampoco conocer los mejores parques para ir a los domingos, no haber eligido mis esquina preferidas.


Ojalá yo nunca termine de descubrir esta ciudad.

domingo, 24 de junho de 2012

"A la mañana de un tono rosado suave,

A la tarde sos negra - y cuando el sol llega al horizonte perfilan diversos grises en tus ojos

Cuando emerge la noche sos de un azul profundo. Hasta que te caigas en sueños de los más distintos colores."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nowhere

Un muelle vacío. No. Un muelle y una sola chica parada en el frio. Ambos vacíos. El viento susurra en sus oídos y atraviesa su cuerpo hasta llegar a sus huesos. Ella ni siquiera tiembla.

Mira al horizonte. Es la primera vez en mucho tiempo que mira al horizonte sin buscar nada. Ni nadie.

Tiene la piel blanca y suave como las nubes en el cielo, se mescla con el paisaje de tonos pasteles. De poco a poco se quita sus ropas y las arroja en el mar. Pero ya no siente el impulso de tirarse a si misma en el agua.

Algo cercano a una sensación de paz. No necesitaba ir a ningún otro lugar.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Inmóvil

Inmovilizada. Inquieta adentro de mis propias piernas imposibilitadas de avanzaren.


La incerteza de la posibilidad de salir del lugar. O la certeza de que todos los lugares sean iguales.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

buenos aires all over again

No sé bien que me atrae tanto en esta ciudad. Siempre me cuesta tanto dejarla.


Una de las ciudades más ruidosas del mundo y, mismo así, cuando pensás que te cansaste, te regala, de golpe, el viernes más nublado, hermoso y lluvioso del año. Y una primitiva calma.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

voces mudas

Ruidos. Una sola luz amarilla colgando desde el techo iluminaba parcialmente los muebles antiguos y las telarañas. Todo parecía fuera de lugar, fuera del tiempo. Una voz lejana en otra pieza repercutía por toda la casa. No puedo explicar que decía, aunque parecía que me susurraba al oído. Contaba historias, días pasados y mis propios pensamientos - todo lo que yo no quería escuchar. Grave, lenta y repugnante. Cada vez más fuerte, hasta que yo ya no podía respirar sin inspirar junto todas esas palabras tóxicas.

Empecé a cantar bajito canciones que me calmaban. Gradualmente subiendo el volumen de mi voz, pero no lograba que se sobrepusiera sobre la otra voz que venía de tan lejos a perseguirme.

Y entonces el silencio. Manos que salieran de la oscuridad taparan mis orejas.

No me había dado cuenta que tenía antes los ojos cerrados. Los abrí lentamente. Miré a los que me miraban. En el medio a la oscuridad se veían ojos y se sentían manos. Seguía vendo tus pupilas en mis pálpebras cuando las cerré de vuelta. Y el silencio lo sentía en las puntas de tus dedos.

domingo, 29 de abril de 2012

El bello baile de las bellas agujas

Todo es hermoso. Todo es hermosísimo, brillante y al mismo tiempo afiladísimo: perfecto para el baile en la punta de la aguja. En realidad, una danza de varias agujas - hay que saltar de una a otra, desequilibrarse a cada instante y nunca pararse.

Todo es vuelo, queda y no hay tiempo. El movimiento incesante entre polos antagonicos se vuelve en el acto necesario para llegar a una especie de equilibrio. Equilibrio creado al revés.

Pero es que si uno se detiene...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Universidade de Buenos Aires

A UBA me deu nostalgia mesmo na primeira vez que entrei.


Não se explica essa faculdade, nem essa sede, sem ter pisado nela e cansado os olhos nos infinitos cartazes. Sem ter a classe interrompida por todos partidos de esquerda possíveis. Sem ter tomado mate no corredor. Nostalgias estundantis entrecortadas.
Não sei explicar a UBA. Passei por ela. Tirei fotos.



domingo, 15 de abril de 2012

sábado, 14 de abril de 2012

La manera que uno tiene de mirar a otro al entardecer en Porto Alegre, 20 y algo de enero de 2011.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A garota e seu pássaro

Plumas e vôo e um baque seco na calçada da avenida mais larga do mundo. Atraiu a atenção de todos - olharam para o chão e desviaram logo daquela visão grotesca e seguiram seus caminhos. Uma só pessoa parou. A garota estava a uma quadra do consultório de sua psiquiatra e espiou por debaixo da aba de sua boina. Daquele pequeno pedaço de concreto manchado de sangue, olhos assustados e largos como a venida a olhavam de volta.
O movimento seguia, esbarravam nos ombros da garota sem que ela notasse. Era como se houvesse uma esfera inquebrável. Já tinha o pássaro na mão junto ao peito. Lhe sussurou no ouvido algo que ninguém mais na avenida mais larga do mundo pode ouvir. Se fizeram uma jura, protegeriam um ao outro.
Foi à sua consulta, a psiquiatra a escutava e lhe devolvia uma expressão que imaginava ser de compreensão - mas a verdade é que estava falando com seu passarinho. Lhe contou os segredos mais diversos e este não precisou fazer nada para que ela se sentisse compreendida. Afundava seus dedos entre as penas enquanto falava.
Ao sair do prédio, lembrou-se que não podia levá-la para casa. Desesperada, pensou: Buenos Aires era feita toda de concreto, até as arvores eram cercadas e etiquetadas. Não podia deixá-la ali. Com sua dupla escondida sob o casaco, caminhou as ruas numa ânsia que só ela entendia. Só ela havia se importado com um dos muitos pássaros que se debatiam no ar e caiam ensanguentados no chão arfando até serem pisoteados. Sabia o porquê.
Pensou em alguém para ajudar-lhe. Alguém que já lhe havia recolhido um dia de uma calçada. Lhe bateu à porta e falou com o interfone, uma conversa entrecortada pelo barulho de um caminhão de lixo. Não entendia muito do que lhe dizia a voz do outro lado do aparelho - entendeu, porém, que o animal era seu e não dele.
Seguiu o caminho. Cada um recolhe o que quer da rua: ela tinha um pássaro ferido junto ao peito. Sabia o porquê.
Numa praça escura, com grupos de jovens e de pessoas que preferia não olhar, buscou uma árvore afastada. Sabia quão tola era, mas sentia-se atada ao animal morto que carregava e naquele instante sua ação lhe parecia a única coisa importante. Ao abrir as mãos, encara seu tesouro: já tinha os olhos fechados e o pescoço retorcido. Suas plumas seguiam macias. Macias demais.
Um buraco improvisado, unhas sujas e terra. Tinha seu pequeno enterro feito para um pequeno animal. Ou dois se quisesse. Ao colocar a ave no chão, já não lhe parecia sua, apesar de terem o mesmo nome.
Foi embora com uma pena suja de terra no bolso, sabendo que a carregaria consigo sempre.

sábado, 31 de março de 2012

da minha..

Insônia crônica
Falta de sono por falta de cachos

Pequena história da pequena menina que sonhava de menos

Sua insônia nasceu da teimosia em não dormir. Pequena garota de longas tranças, se desfaziam conforme se agitava em seu travesseiro.
Quando até o abajur da cabeceira havia adormecia, ela persistia. Criança que queria ser maior do que era, a madrugada era seu tempo exclusivo - ninguém estava ali para dizer-lhe a idade que tinha. Era seu mundo particular: ela, sua cama, seu bichinho de pelúcia perfumado de baunilha e seus pensamentos grandiosos.
Pensava em todos os males do mundo: nos seus, nos das formiguinhas e nos que um dia poderiam existir – nesse ou em outro universo. Confusa e pura, todas as preocupações lhe eram genuínas.
O ruído da porta interrompe suas notas imaginárias. Espia ligeira – é sua mãe com um copo de leite quente e bolachas. Pensa, esperta, que se tomar o que a mãe lhe trouxera, teria que acordar no meio da madrugada sozinha para ir ao banheiro. Sair de sua cama quentinha e colocar os pés no piso gelado. Não, senhor, obrigado.
Fecha os olhos e simula o sono. Se fecha em uma conchinha, parecendo ainda menor, e afunda o rosto no edredom macio.O colchão afunda com o peso do corpo da mãe. Sente um beijo terno na maçã do rosto. E em seus olhos fechados. Terno. E quente. E macio.
Sua única preocupação é fingir dormir.
Dorme.

quarta-feira, 28 de março de 2012

fuck fate

Se sentaram juntos em um parque. Como sempre fizeram. Enquanto o céu se tornava escuro, mudando de cores até decidir-se por um marinho infinito. Olhou para ele e sentiu um arrepio. Não sabia se pelo desejo de aproximar-se ou por frio - talvez os dois. Foi quando sentiu-se só, desejou que ele fosse direto. And watched out for a simple twist of fate.

Caminharam lado a lado, o espaço entre os dois corpos oscilava. Um pouco bastante confusa, se lembrava bem. E enquanto via seu rosto se aproximar na penumbra e seus lábios se tocavam, pensava em um trem que chegava sob o disfarçe da noite e se chocava contra ela. Moving with a simple twist of fate.

Quando se despertou os olhos ainda cheios de memórias, cobriu o corpo com rapidez. Se despediu com um beijo sobre sua face e com um uma nota que deixou entre seus livros. Saiu sem olhar pra trás. And forgot about a simple twist of fate.

Ele acordou e o quarto estava escuro. Não a viu em lugar nenhum. Disse a si mesmo que não se importava, abriu as janelas. Sentiu que o eco preenchia o quarto. Brought by a simple twist of fate.

Caminhou pelo pier à sua procura. Talvez ela viesse buscá-lo também. Encontrou-a observando o mar e quando pousou a mão sobre seu ombro desejou que não tivesse tocado-a. Ela, por sua vez, fechou os olhos e sentiu o peso daquela mão sobre seu corpo, desejando não virar-se. Somente se as ondas pudessem refazer seu percurso até o horizonte. Se quando o olhasse, fosse outro dia, outra sorte, outro presente - um que não tivesse um passado atrás de si. One more time for a simple twist of fate.

People tell me it's a sin
To know and feel too much within
I still believe she was my twin - but I lost the ring
She was born in spring but I was born too late
Blame it on a simple twist of fate.

terça-feira, 27 de março de 2012

"em caso de emergências, respire fundo 3 vezes"

Alongar os pulmões ao máximo, até que se sinta o impossível e infinito peso do próprio ar dentro dos órgãos, como se ocupasse cada esquina de cada alvéolo - flutuaria, se não fosse como chumbo.
E então deixá-lo ir, a carne murchando dentro de si como um balão que foi estourado subitamente - fim.

Mas não.
Ansioso por encher-se outra vez, esvaziar-se. Repedidamente. Incansavelmente. Até que canse.

terça-feira, 20 de março de 2012

livro velho que nunca li

Acordei e lembrei de uma menina de um livro infantil que um dia ensopou o travesseiro como nunca antes visto. A explicação era: perdera sua coleção de conchinhas.

Apesar dos outros não entenderem sua obsessão, gostava muito daqueles pedaços de mar que recolhia com tanto cuidado da areia.

De qualquer maneira, teve que trocar o tecido que havia lavado com seu luto pelas conchinhas.

domingo, 18 de março de 2012

Eichhörnchen

Quero que me ames como amarias a um esquilinho
Me pegue no colo apertado
Que ache bonitos meus dentinhos
Me ponha a dormir ao teu lado

Um esquilinho de pelos altos
Sentirias eterna nostalgia do cheiro
(mistura de castanha e pasto)
Afogarias o rosto sem receio

Poderíamos sair a passear
Mão na pata, pata na mão
Sem medo da hora de parar
Não deixaríamos para trás migalhas de pão

Olhar terno e inocente
Coração que palpita acelerado
Rola na grama contente
Do esquilinho e de seu amado

Me ames com a simplicidade com que amarias um esquilinho
E se em meus olhos houver medo
Me alimente, me dê carinho
Me ames com a simplicidade com que amarias um esquilinho

sábado, 10 de março de 2012

Da distância entre braços

A ânsia de levar comigo
Travesseiro, você e pente
No meu abraço do mundo inteiro
Não há lugar pra nenhum pertence

O corpo alongado entre paredes
Dança com outro em sintonia
Sob os braços expostos tantas vezes
Agora uma só gota de suor, fria.

Tato que recorreu o chão;
A busca por qualquer memória
Entre minhas mãos só escuridão
Resta a poeira que virou história

Nosso roçar de rostos de adeus
Tão cinza, frio e sem sede
Da ponta dos meus dedos até os seus
Encontro lugar para os dele.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

o remorso comeu a minha língua

Do que queria te dizer, engulo palavra por palavra. Descem lentas arranhando a garganta, se debatem. Se acumulam no peito, entopem veias. Me parasitam.


Não as digo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pé ante pé na escuridão. Guiada pelo ruído da respiração dele - já conhecia seu ritmo- dava passos trêmulos, porém decididos.

Aquela falta de luz era tudo o que precisava: não por motivo de escassez de coragem, senão o fato de que aguçava o tato. Adormecia os pensamentos sempre tão inquietos, na claridade estariam agora voando pelo quarto, frenéticos, investigando tudo ao seu alcance. Mas no escuroo, a garota mantinha os braços imóveis ao lado do corpo, apesar da energia que pulsava neles e corria até a ponta dos dedos. Como se antecipassem a pele que estaria logo sob eles.

Agora estava tão próxima que o barulho do respirar dos dois se confundia. Tinha um pouco de receio em movimentar-se e com isso quebrar a esfera de vido que os envolvia.

Tentava decidir-se que parte do corpo dele ansiava por sentir antes. Ombro, costas, rosto, peito em que costumava descansar a cabeça no fim da madrugada?

Mas essas noites já haviam passado. Deu passos lentos para trás, para trás, para trás. Até o ponto seguro em que continuaria desejando aquelas noites tardias de maneira unicamente platônica, mantendo-as imaculadas. Intactas.

Vibrando na ponta de seus dedos.

carnívora

Buenos Aires me sorria irônica com dentes pontiagudos de arranha-céus. Interrompeu com uma longa tosse, que cheirava a combustível queimado e fumaça de qualquer coisa. Pensei que a cidade podia me engolir inteira.

Entre as centenas de pessoas que atravessavam a larga avenida, realmente eu parecia uma pequena partícula perdida em um organismo que não descansava. Sempre faminto.

Todos já haviam sido devorados, sem sequer se dar conta.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

não meu

O reflexo no espelho já não lhe dizia que estava ali. Contava qualquer sorte de histórias - menina pálida de olheiras fundas quase estátua, não era ela. Recorreu a mirada pelo corpo nu em sua frente, que a encarava de volta com um olhar lento e apático, e buscava encontrar-se nele. Estava ali inteira: e se colocava em frente aquela mesma moldura todos os dias, na mesma posição. Mas parecia faltar algo.

Sabia o que era: a mão dele,recorrendo a pele por diferentes caminhos ( que sempre pareciam os certos), apontando cada beleza que encontrava. Ela já não podia ver sozinha, e qualquer outro que tentasse ajudar-lhe soava a seus ouvidos como falso, palavras que distorciam conforme se aproximavam ao corpo, derretiam - era como se falassem de alguém que não ela.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Duas crianças sentadas em um muro. Uma estrela cadente cai do outro lado. Mas elas têm medo de pular.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Depois de tanto argumentar, revirar, apontar. O suspiro longo anuncia a resolução.

Apoia teu corpo ao lado do meu. E não se mova.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

coisas simples em um poema simples

Não são o que me fazem despertar de manhã,
Embora sejam o que me ampara à noite -
insônia curada pelo cafuné que corre a nuca
pés e pernas e braços entrelaçados que se esbarram até em sonhos.