sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pé ante pé na escuridão. Guiada pelo ruído da respiração dele - já conhecia seu ritmo- dava passos trêmulos, porém decididos.

Aquela falta de luz era tudo o que precisava: não por motivo de escassez de coragem, senão o fato de que aguçava o tato. Adormecia os pensamentos sempre tão inquietos, na claridade estariam agora voando pelo quarto, frenéticos, investigando tudo ao seu alcance. Mas no escuroo, a garota mantinha os braços imóveis ao lado do corpo, apesar da energia que pulsava neles e corria até a ponta dos dedos. Como se antecipassem a pele que estaria logo sob eles.

Agora estava tão próxima que o barulho do respirar dos dois se confundia. Tinha um pouco de receio em movimentar-se e com isso quebrar a esfera de vido que os envolvia.

Tentava decidir-se que parte do corpo dele ansiava por sentir antes. Ombro, costas, rosto, peito em que costumava descansar a cabeça no fim da madrugada?

Mas essas noites já haviam passado. Deu passos lentos para trás, para trás, para trás. Até o ponto seguro em que continuaria desejando aquelas noites tardias de maneira unicamente platônica, mantendo-as imaculadas. Intactas.

Vibrando na ponta de seus dedos.

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