Sua insônia nasceu da teimosia em não dormir. Pequena garota de longas tranças, se desfaziam conforme se agitava em seu travesseiro.
Quando até o abajur da cabeceira havia adormecia, ela persistia. Criança que queria ser maior do que era, a madrugada era seu tempo exclusivo - ninguém estava ali para dizer-lhe a idade que tinha. Era seu mundo particular: ela, sua cama, seu bichinho de pelúcia perfumado de baunilha e seus pensamentos grandiosos.
Pensava em todos os males do mundo: nos seus, nos das formiguinhas e nos que um dia poderiam existir – nesse ou em outro universo. Confusa e pura, todas as preocupações lhe eram genuínas.
O ruído da porta interrompe suas notas imaginárias. Espia ligeira – é sua mãe com um copo de leite quente e bolachas. Pensa, esperta, que se tomar o que a mãe lhe trouxera, teria que acordar no meio da madrugada sozinha para ir ao banheiro. Sair de sua cama quentinha e colocar os pés no piso gelado. Não, senhor, obrigado.
Fecha os olhos e simula o sono. Se fecha em uma conchinha, parecendo ainda menor, e afunda o rosto no edredom macio.O colchão afunda com o peso do corpo da mãe. Sente um beijo terno na maçã do rosto. E em seus olhos fechados. Terno. E quente. E macio.
Sua única preocupação é fingir dormir.
Dorme.
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