domingo, 7 de novembro de 2010

Im not there




Hoje próximo a mim no onibus, havia um senhor que falava alto sozinho. Discursava e argumentava exasperado: “mas é ai que você se engana! Não foi assim que aconteceu, lembra, tens que olhar por outra perspectiva!” Na verdade, sozinho era tudo que ele não estava. Sentia tanto a necessidade de alguém, que arranjara uma maneira de levar esta pessoa junto com ele.
Todos o olhavam pelo canto do olho, constrangidos, eu, porém, não quis interromper a conversa e continuei com a minha - mas em voz baixa.


A ironia em deixar alguém se aproximar tanto ao ponto de tê-lo sob sua pele é essa: uma vez que o outro ausente, o corpo, agora sozinho, perde o propósito. Sobra somente o eco, que é aquele que persegue indefinidamente, mas nunca alcança.



Já diria o Leandro: uma piscina vazia pode ser metáfora para quase tudo na vida.

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