terça-feira, 9 de novembro de 2010

lack of colour

Acordei com essa sensação urgente ao redor do meu pescoço, de sufoco. Sentei-me rápido na cama, arfando, tentando em grandes goles capturar o ar ao meu redor, o peito projetando-se instantaneamente para frente. O braço esticado alcançou a janela e escancarou-a; mas ao invés do refresco, senti o calor. O céu estava estático e de uma cor de nada em particular.

Meus olhos encheram-se desse reflexo do nada. Abri e fechei a boca, em gestos inúteis, espasmava, de forma tola. Não sabia também gritar. Meu corpo pesou de volta ao colchão, afundando em meio às cobertas, inerte.

Senti, então, algo pesado passando pela minha garganta, lento, rastejando pelo meu corpo como um verme– a quantidade era pequena demais para encher meus pulmões, mas grande o suficiente para que eu continuasse consciente.

Tudo que via era o escuro teto, com sua indiferença de teto. Passei as mãos pelo colo, pelo pescoço e rosto, mas não havia o que encontrar. Livrei-me das roupas de cama; das minhas, também. Queria, o que quer que fosse, fora de mim naquele exato instante - pensamentos que não eram meus agora tomavam lugar. Abri a gaveta da cabeceira e tateei até encontrar a tesoura, levei-a ao meu cabelo e, em um gesto firme, livrei-me deste também. Me livraria de minha própria pele, se possível.

Levantei-me, procurando fugir do contato imediato de qualquer coisa. Onde está, onde está, há algo há algo sei que há algo em algum lugar sei que está. Com um clic, liguei o interruptor. A atmosfera se suspendeu só para a seguir chocar-se com o chão. Não havia nada, afinal, só meu corpo recuado contra a parede, trêmulo e só. Isto e minha garganta, sufocada neste nada.

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